sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Transparência ou Hipocrisia? Assédio ou Injustiça?

Sendo eu um cidadão exemplar e alinhado com o “estado de carneirada” desejado por um sistema pseudo-democrático, estou 100% certo que ainda não violei nenhum par de prostitutas suecas. Nem tampouco assediei nenhuma camareira de hotel nova-iorquino. Portanto, não posso ser indiciado por este tipo de comportamento. Ou poderei?
Poder, talvez possa, mas... como não constituo qualquer tipo de ameaça para o status-quo vigente, ninguém se dará a tal trabalho e despesa.
Strauss-Kahn à parte, é mesmo a Assange a quem pretendo me referir. Esta personalidade continua em prisão domiciliária e ainda em risco de ir parar à cadeia, à conta de um ato que muito provavelmente não praticou. A se tratar de armação, a toda essa gente direta ou indiretamente envolvida, é de se lhes tirar o chapéu!

E chapéus há muitos, ó palerma! E putas, idem!!! Por meia dúzia de trocos, abundam por aí putas e palermas, que vêm a público afirmar e defender qualquer argumento, doa a quem doer. Logo de seguida, aparece um monte de agências noticiosas, plenamente cientes da apetência popular por escândalos e por Madalenas para apedrejar, assegurando a cobertura e veracidade de afirmações e conteúdos duvidosos. Agências estas, por sua vez, a troco de alguns milhões em receitas publicitárias. Por fim, boa parte da população acredita alegremente em qualquer merda cuspida pela caixa que mudou o mundo. E assim se monta e explora o circo, de espetáculo em espetáculo, enquanto o argumento render para depois o deixar cair no esquecimento.

Se eu, tal como a vasta maioria de concidadãos deste pacato Mundo Ocidental, não estivesse tão alinhado com a “carneirada”, não me limitaria apenas a mencionar ou partilhar assuntos que me irritam considerávelmente, tal como a toda a situação muito mal explicada de Julian Assange. Juntar-me-ia a outros indivíduos, organizados e dispostos a lutar, imparcialmente, pelo bem comum sem algo mais em troca. Juntos procurariamos distribuir verdadeiras “marradas” nos orquestradores deste tipo de espetáculos tristes, gente essa perita em se esconder e proteger nos meandros do sistema.
E esses grupos de “justiça popular”, onde se encontram? É triste constatar que são praticamente inexistentes e, os poucos que existem acabam sendo forçados a utilizar as mesmas táticas do inimigo, a existir na clandestinidade, o que não abona a seu favor nem permite realizar o potencial de benefícios coletivos. Liberdade de expressão e democracia têm ambas ainda um longo caminho a percorrer.
A nível individual, feitas as contas, o que ganha cada um de nós com qualquer tipo de iniciativa ou mesmo revolta? Mais democracia? Mais transparência? Equidade? Justiça?
Hum... pensando melhor... deixa-me ficar quieto e confortável no meu canto. Os contribuintes já pagam tão bem aos legisladores para que escrevam e nos impinjam as leis e mantenham a ordem que convém ao status-quo vigente. Irei eu me maçar, (ainda por cima, de graça) em busca da veracidade dos factos e de justiça? Não!
Quanto a esse Julian Assange, que quis se armar em justiceiro popular por conta própria, que apodreça na cadeia por ter tido a bondade de querer nos revelar e comprovar os podres da nossa sociedade. Viva o “estado de carneirada”. Mééééééééé!!!

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